“Não exagere o culto da verdade”. Algumas reflexões sobre a necessidade de heroísmo em um filme italiano de inspiração borgeana
Palavras-chave:
Borges, Bertolucci, transposição, herói, traidorResumo
A estratégia da aranha (Strategia del ragno), de 1970 e dirigido por Bernardo Bertolucci, não esconde sua dívida com o conto “Tema del traidor y del héroe”, de Jorge Luis Borges, publicado originalmente em 1944. Ambos os textos exploram a identidade paradoxal dos heróis traidores ou traidores heróis: o primeiro, um antifascista italiano, e o segundo, um separatista irlandês. Com base nas teorias da antropologia de Scheler (1961),da filologia clássica de Bauzá (2007) e da narratologia de González (2016), analisaremos as características do heroísmo presentes no filme bertolucciano para demonstrar que elas se encontram mais presentes na obra audiovisual do que no conto borgeano, onde a ação heroica e seus efeitos são em verdade eticamente complexos e esteticamente necessários, pois o que foi apenas potencialmente delineado e sugerido no hipotexto literário é atualizado no hipertexto fílmico, tornando um relato que Borges não tinha intenção de escrever em uma narrativa fértil.
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